Quatro pratos acabam saindo pelo preço de um
Eduardo Tristão Girão - EM Cultura
Já reparou como não é fácil manter na casa dos R$ 100 um jantar para casal num restaurante de Belo Horizonte? Isso se levarmos em conta que os dois ficaram só no refrigerante. Sem vinho. Só na chegada, dependendo do lugar escolhido, as despesas começam em cerca de R$ 30: manobrista, duas águas e couvert ou entrada. O cenário é desanimador para a maioria dos que gostam de gastronomia e se reflete, é lógico, no movimento das casas. Como reação a isso, chefs da cidade estão aderindo à bistronomia, movimento criado em Paris no início dos anos 1990 por chefs que não queriam mais cobrar tão caro por comida de nível mais alto.
Um dos pioneiros foi Yves Camdeborde, que abriu o Le Comptoir na capital francesa. Deu tão certo, que acaba de inaugurar outra casa em frente, o L’Avant Comptoir, para aproveitar a fila de espera do seu próprio restaurante. No Brasil, a tendência está começando a chegar. Em Belo Horizonte já existem pelo menos quatro restaurantes dedicados total ou parcialmente a isso, sendo que só no último mês três casas passaram a reservar ao menos dois dias por semana para servir menus bistronômicos. Além disso, chefs de pelo menos outros cinco restaurantes da cidade já ensaiam fazer o mesmo nas próximas semanas.
QUATRO POR UM
Mesmo pensamento tem Paulo Henrique Vasconcellos, do Benvindo, que começou a servir menus bistronômicos mês passado, também nas noites de terça a quinta: “Diminuo de um lado, mas ganho de outro. É melhor ter casa cheia e margem de lucro menor do que passar dias com casa vazia.” O cardápio muda toda semana, sendo que o próximo será composto por espuma de abóbora com requeijão derretido e camarão grelhado; atum mi cuit com molho agridoce de amêndoa; costeleta de cordeiro com cuscuz e rapadura; e cestinha de goiabada com castanha de caju e calda de requeijão. Sai por R$ 58 (individual).
“Não pretendo parar de trabalhar com esses cardápios, inclusive por estar indo mais para a cozinha por causa deles. Divirto-me pensando neles”, diz o chef, contabilizando que, desde a introdução do menu bistronômico, novos fregueses apareceram e os frequentadores passaram a visitar a casa mais vezes. “Além disso, comer quatro pratos é muito mais legal do que comer um único e sai pelo preço de um só. Não vendo gato por lebre. Uso camarão, atum, cordeiro e ingredientes que não são baratos. É o que o restaurante serve mesmo”, diz.
ONDE COMER
Benvindo
Rua São Paulo, 2.397, Lourdes, (31) 2515-8883. Aberto de terça a sábado, das 19h ao último cliente; domingo, das 12h ao último cliente.
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